Com 7.367 km de litoral, cujo contorno aumenta para 9.200 km se consideradas as saliências e reentrâncias, o Brasil possui águas jurisdicionais no Atlântico Sul que somam cerca de 5,7 milhões de km2. Essas águas formam a chamada “Amazônia Azul”, que inclui o Mar Territorial Brasileiro, a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e a extensão da Plataforma Continental para além das 200 milhas náuticas (aproximadamente 370 km), traçada a partir das linhas de base da costa brasileira. Se essas dimensões não bastassem, o Brasil também é responsável por uma Região de Busca e Salvamento Marítimo que abrange mais de 15 milhões de Km2 no Atlântico Sul.
Essa imensa área abriga uma abundância de recursos: além de petróleo e gás natural, outros bens minerais despertam interesse, indo de simples areia e cascalho para uso em obras civis e sais de potássio e fosfato para uso como fertilizantes, até calcário, ouro e diamantes. Além disso, há a questão da pesca: frotas pesqueiras de diversos países, de europeus a asiáticos, tem intensa atividade no Atlântico Sul.
Sumarizando, cerca de 95% do petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado consumidos no Brasil provém da Amazônia Azul, e mais de 95% do comércio exterior brasileiro trafega por essa região, que conta com instalações estratégicas como portos, centros industriais e de energia.
Portanto, muito mais do que uma simples região geográfica, a Amazônia Azul deve ser encarada com a devida importância político-estratégica, refletindo a proeminência que o poder naval tem – ou deveria ter – para o Brasil. Embora estejamos inseridos em uma região do mundo que se manteve afastada das tensões geopolíticas mundiais, toda essa riqueza de recursos não passa desapercebida das grandes potências.
Estamos preparados para proteger nossos interesses na vastidão dessa área? Temos recursos e capacidade industrial para defender nossa soberania na região? É o que veremos neste webinar, apresentado por Laércio Eduardo de Araújo, oficial da reserva do Exército Brasileiro, doutorando em capacidade dissuasória brasileira no Atlântico Sul pelo Instituto Meira Mattos e autor do livro "Amazônia Oriental: das Riquezas, Cobiças e Ameaças até a Guerra do Futuro".
Com facilitação de Albert Caballé Marimón, do Blog Velho General, o webinar conta também com a participação de Robinson Farinazzo, editor do Canal Arte da Guerra.
Capacidade de Dissuasão do Brasil no Atlântico Sul
Slides da Apresentação - Capacidade de Dissuação do Brasil no Atlântico Sul
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Laércio Eduardo de
Araujo é oficial do Exército Brasileiro com ampla experiência em gestão de projetos, operações e doutrina militar, além de planejamento estratégico e organizacional. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Administração de Empresas, possui mestrado e atualmente cursa doutorado no Instituto Meira Mattos, com foco na capacidade dissuasória brasileira no Atlântico Sul. Com diversos cursos complementares e operacionais, destaca-se por sua atuação tanto em cargos administrativos como operacionais, liderando equipes em diferentes regiões do Brasil.
Ao longo de sua carreira, Laércio participou de intercâmbios e missões internacionais, tais como na Argentina, Guiana Francesa EUA, onde concluiu um MBA em Logística de Transportes. Atuou em funções de comando e gestão no Exército, incluindo a criação do Comando Militar do Norte e liderou iniciativas estratégicas no Ministério da Defesa. Também coordenou comissões de eventos internacionais e liderou projetos voltados para a defesa e integração regional.
No campo acadêmico, é autor do livro Amazônia Oriental: das Riquezas, Cobiças e Ameaças até a Guerra do Futuro e publicou diversos artigos sobre defesa, inovação e geopolítica. Participou de seminários e congressos no Brasil e no exterior, além de ser entrevistado sobre temas como Guerra do Futuro e Amazônia. Sua formação inclui proficiência em inglês, espanhol, francês e noções básicas de mandarim.
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